Na semana passada, no dia 27 de novembro de 2025, os/as decisores/as de topo e/ou membros formalmente designados do Grupo Nacional de Interesse em Políticas e Estratégias de Ciência Aberta, ou Special Interest Group (SIG) reuniram-se no Instituto Politécnico de Bragança, para debater o futuro das políticas de Ciência Aberta nas suas instituições. Esta terceira reunião foi enquadrada no programa do 12º Fórum GDI, e contou com 28 instituições representadas. Os membros do programa de liderança, muitos deles também membros do SIG, participaram também nesta sessão.

A primeira parte do programa contou com as apresentações de Eloy Rodrigues, da Universidade do Minho, e Bruno Direito, da Universidade de Coimbra, tendo sido apresentado o Kit de Ferramentas, como instrumento de apoio à implementação do Quadro de Referência. Foi também apresentado o Quadro de conformidade, como uma ferramenta de apoio à reflexão sobre as políticas de Ciência Aberta a serem desenvolvidas, ou já publicadas, das instituições. Os participantes do programa de liderança tiveram a oportunidade de apresentar as análises SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) desenvolvidas no âmbito desta ação, partilhando as suas experiências e identificando linhas prioritárias de ação.

O projeto do Consórcio Re.Data teve uma participação de destaque no 12.º Fórum GDI, realizado nos dias 27 e 28 de novembro de 2025, no Instituto Politécnico de Bragança, reforçando mais uma vez o seu papel estratégico na gestão de dados de investigação, no panorama nacional.
Pedro Príncipe, coordenador do Consórcio Re.Data pela Universidade do Minho, marcou presença na sessão de abertura oficial ao lado de Albano Agostinho Gomes Alves (IPB) e de João Nuno Ferreira (FCT/FCCN), sublinhando a centralidade do projeto Re.Data no movimento da Ciência Aberta.
Durante o Fórum, foram apresentados os resultados relevantes do Programa Nacional de Ciência Aberta, pelas vozes de Pedro Príncipe e Jorge Noro (Universidade de Coimbra). Contaram ainda com as intervenções de João Mendes Moreira, Filipa Pereira, Pedro Sobral e Sara Pestana da FCCN – Serviços Digitais da FCT, financiadores do projeto.
O Re.Data coordenou diversos grupos de trabalho, dedicados a temas como repositórios digitais, formação para dados FAIR e Políticas de Ciência aberta. Promoveu também flash talks sobre perfis de competências para data stewards e ações de sensibilização dirigidas a decisores.
Realizou-se a 3ª Reunião do Grupo Nacional de Interesse Especial para discutir políticas de ciência aberta e estratégias de gestão de dados de investigação, continuando assim a fomentar a colaboração e a capacitação do setor.

Esta participação reforça a posição do ReData como um ator chave no apoio à gestão de dados de investigação em Portugal, contribuindo para a construção de uma comunidade sólida e preparada para os desafios atuais.


O projeto Re.Data consolida a rede nacional de competências em gestão de dados de investigação com o sucesso das sessões finais de dois programas estratégicos, no Instituto Politécnico de Bragança.​

A sessão presencial do Bootcamp de Formação de Data Stewards (26 novembro), após os módulos online, equipou gestores de repositórios, curadores, bibliotecários e investigadores com ferramentas práticas para o ciclo de vida dos dados, alinhadas aos princípios FAIR e Ciência Aberta.​

O Workshop de Formação de Instrutores de Data Stewards (25-26 novembro) capacitou formadores para replicar estas competências em instituições, ampliando a Rede Portuguesa de Data Stewards.​

Estas ações, integradas no programa de especialização profissional e no programa formação de formadores do Re.Data, posicionam Portugal na vanguarda da profissionalização de data stewards, fomentando repositórios digitais robustos e colaboração sustentável.


O Re.Data disponibiliza uma sessão expositiva acessível online, a decorrer no período da manhã, em simultâneo com o workshop presencial, sobre a utilização de cadernos de laboratório eletrónicos e documentação de dados, permitindo que interessados que não consigam assistir ao workshop completo em formato presencial, possam acompanhar a parte expositiva remotamente.

A sessão presencial, que decorre ao longo de todo o dia, oferece uma experiência mais completa, incluindo atividades práticas, casos de estudo e interação direta com formadores. Por sua vez, a sessão online disponibiliza acesso aos conteúdos expositivos, para garantir maior acessibilidade e flexibilidade, sem requisitos prévios de conhecimento, dirigida a data stewards, investigadores, técnicos e profissionais de apoio à investigação.

Esta iniciativa reforça o compromisso do Re.Data em promover a capacitação especializada, permitindo a ampliação do alcance formativo e o desenvolvimento de competências essenciais para a gestão e documentação de dados científicos, com ênfase nas boas práticas que o software eLabFTW possibilita.

Para mais informações: https://redata.pt/cursos/workshop-utilizacao-de-cadernos-de-laboratorio-eletronicos-e-documentacao-de-dados-2a-ed/

Formulário de inscrição na sessão presencial  (10h00-17h00): [LINK]

Formulário de inscrição na sessão online (10h00-13h00): [LINK]

Entre os dias 9 e 11 de dezembro de 2025, irá decorrer online mais um ciclo de Re.Data Lunch Webinars, dedicado ao tema da proteção de dados em projetos de investigação científica. Esta iniciativa realiza-se das 12h00 às 13h00, procurando sensibilizar a comunidade académica para os principais desafios legais, éticos e tecnológicos na gestão de dados pessoais em contexto científico.​​



9 de dezembro: Apresentação do Toolkit sobre Questões Jurídicas, Proteção de Dados e Licenças
Orador:
Gabriel Cipriano (Iscte); Moderação: Anabela Duarte (UMinho)
Sessão dedicada ao lançamento do novo Toolkit de questões jurídicas, proteção de dados e licenças, destinada a investigadores e profissionais interessados na vertente legal da gestão de dados.
Inscrição: https://videoconf-colibri.zoom.us/webinar/register/WN_LKn2juUcRuGgz4ynThPhsw

10 de dezembro: Gestão de dados na era da IA generativa
Orador: António Lopes (Iscte); Moderação: Clara Boavida (Iscte)
Discussão centrada nos desafios do tratamento de dados com recurso a inteligência artificial, abordando soluções para a equidade e segurança da informação.
Inscrição: https://videoconf-colibri.zoom.us/webinar/register/WN_8qDQessnS3CHoafEwGlERg

11 de dezembro: Amnesia Anonymization Tool
Orador: Manolis Terrovitis (Athena RC / OpenAIRE); Moderação: Paula Moura (UMinho)
Apresentação prática sobre anonimização de dados científicos através da ferramenta Amnesia, para investigadores que lidam com big data e privacidade.
Inscrição: https://videoconf-colibri.zoom.us/webinar/register/WN_10TWyHaFRyqCDOGdEJPe9g

Ao longo destas sessões, os participantes são convidados a partilhar experiências, dúvidas e soluções para uma gestão responsável e transparente dos dados de investigação. Cada webinar inclui momentos de debate aberto e acesso a recursos formativos, com disponibilização dos materiais e gravações através do site www..redata.pt e canal YouTube do Re.Data.​

Para participar, basta inscrever-se em cada sessão.

O workshop “Boas práticas de gestão de dados no ciclo de investigação (2.ª edição)”, originalmente programado para ser presencial na Universidade do Minho, terá agora lugar no formato online, no dia 11 de dezembro, devido à greve que irá ocorrer na função pública nesse mesmo dia. Esta adaptação visa assegurar que todos os participantes tenham acesso à formação, independentemente dos impactos logísticos da greve. O projeto Re.Data mantém o seu compromisso com a formação e o desenvolvimento de competências na área de gestão de dados de investigação e, por esse motivo, concentrou esforços para garantir que os inscritos não percam esta oportunidade. A realização do workshop em formato online permite manter a programação, a participação ativa dos formandos e o acesso a todos os conteúdos planeados, demonstrando a prioridade dada à continuidade da capacitação e ao acesso equitativo à aprendizagem, mesmo perante imprevistos. Todos os inscritos receberão antecipadamente as instruções para acesso à sessão online, bem como os materiais necessários para a sua plena participação.


O workshop “Integridade e Ética na Gestão e Partilha de Dados de Investigação” realizou‑se a 18 de novembro de 2025, no IHMT – Instituto de Higiene e Medicina Tropical, em formato híbrido, integrando o programa de capacitação de investigadores do Re.Data. A ação teve como objetivo sensibilizar para a incorporação de um racional ético e responsável na gestão e partilha de dados ao longo de todo o ciclo de vida dos dados de investigação, reforçando a importância da integridade científica e da conduta responsável na definição de procedimentos de planeamento, recolha, armazenamento, partilha, reutilização e eliminação de dados.

Dirigido a investigadores, estudantes de doutoramento, gestores de dados, gestores de ciência e bibliotecários em fase inicial de contacto com estas temáticas, o curso teve a duração de três horas, com uma primeira parte expositiva em formato híbrido e uma segunda parte prática, presencial, dedicada ao trabalho em pequenos grupos. Foram abordados conceitos de ética e integridade na investigação, princípios éticos aplicados à gestão de dados, enquadramento legal e institucional, proteção de dados pessoais, minimização, consentimento informado, anonimização e pseudonimização, bem como questões de governação de dados, políticas de GDI e definição de termos de uso e licenciamento na disseminação de dados.

Na componente prática, os participantes analisaram e discutiram casos e dilemas éticos relacionados com privacidade e verificação da integridade dos dados, titularidade e reutilização de bases de dados, cumprimento de prazos de destruição e comunicação com participantes, bem como desafios de equidade e literacia nos estudos, exercitando a aplicação de princípios éticos e de integridade na tomada de decisão. No final, os participantes ficaram mais capacitados para identificar riscos e oportunidades na gestão ética dos dados, reconhecer boas práticas de documentação, armazenamento, partilha e eliminação, e recorrer a planos de gestão de dados, códigos de conduta e orientações especializadas como instrumentos de suporte à integridade na investigação

Realizou-se na Universidade de Coimbra, no dia 11 de novembro, o workshopComo publicar os dados da sua investigação e tornar os dados FAIR”, iniciativa da rede Re.Data dedicada à capacitação de profissionais na gestão e publicação de dados científicos. O evento foi desenhado para combinar momentos teóricos e práticos, criando uma experiência formativa intensiva com o objetivo de fortalecer competências técnicas e promover o alinhamento dos projetos de investigação com os princípios FAIR.​​

Ao longo de 3,5 horas de formação presencial, os participantes mergulharam em temáticas essenciais como a distinção entre dados abertos e dados FAIR, os formatos recomendados para arquivo, a relevância dos metadados, licenciamento e seleção de repositórios adequados para publicação. A componente prática, parte central do workshop, incluiu o diagnóstico e avaliação de datasets reais, exercícios de elaboração de ficheiros readme e aplicação de ferramentas para verificar a compatibilidade FAIR dos dados produzidos em investigação.​​

As atividades promoveram o debate e a partilha de estratégias para superar desafios da publicação e disseminação de dados, com exemplos interdisciplinares apresentados por especialistas convidados. Foram dinamizados exercícios em grupo, permitindo aos participantes confrontar as suas práticas com as recomendações internacionais e identificar melhorias concretas na documentação e reuso dos dados.​​

Este workshop revelou-se, à semelhança do que tem acontecido com as ações de formação Re.Data, um espaço colaborativo para a experimentação e para o desenvolvimento de soluções que potenciem o impacto dos dados abertos no ecossistema científico nacional, reforçando a missão Re.Data de promover a adoção de boas práticas e a cultura da ciência aberta.

Realizou-se no dia 24 de outubro de 2025, no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), o Workshop “Como publicar os dados da sua investigação e tornar os dados FAIR – Engenharia e Tecnologia”, promovido pelo projeto Re.Data em colaboração com o Instituto Politécnico de Bragança.

O evento registou mais de 50 inscrições, incluindo investigadores, estudantes de doutoramento, docentes e profissionais de apoio à investigação oriundos de cerca de dez instituições nacionais, destacando o interesse crescente pela adoção de boas práticas de gestão e publicação de dados científicos.

Destacaram-se as atividades práticas organizadas em grupos, que permitiram uma troca de experiências focada em três eixos: avaliação de documentação de dados, aplicação dos princípios FAIR e exercícios práticos sobre licenciamento e utilização de repositórios confiáveis. Estes momentos potenciaram o compromisso dos formandos com a publicação FAIR e a reflexão crítica sobre o percurso dos dados desde a recolha até à publicação.

A avaliação do workshop espelhou a grande pertinência e utilidade junto dos participantes, que salientaram a relevância dos conteúdos para potenciar a qualidade dos dados partilhados e aumentar a transparência e reprodutibilidade da investigação nacional. Os participantes sublinharam o contributo da ação para melhorar competências em gestão, abertura e preparação dos dados para reuso, reforçando a necessidade de mais iniciativas formativas práticas nesta área.

Qual o impacto de boas práticas de gestão de dados na educação ambiental?

Porque é necessário o planeamento desde o início do processo de investigação?

Quais são os maiores desafios para garantir a sustentabilidade e interoperabilidade dos dados a longo prazo? 

DESCRIÇÃO

O CIIMAR Watch é um programa institucional de monitorização marinha e ambiental da costa norte de Portugal, desenvolvido pelo Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR). 

A iniciativa integra esforços anteriores de monitorização realizados por diferentes grupos de investigação, promovendo uma abordagem colaborativa e interdisciplinar. O programa abrange observatórios no Porto e Viana do Castelo, monitorizando ecossistemas costeiros e estuarinos, incluindo os rios Douro e Lima. Os dados recolhidos são de natureza química, física e biológica, com o objetivo de gerar conhecimento científico robusto, apoiar decisões políticas e promover sensibilização pública e educação ambiental.

O programa tem como principais objetivos estabelecer linhas de base científicas, acompanhar a dinâmica ambiental em ecossistemas costeiros e estuarinos e fornecer dados contínuos, de longo prazo, gratuitos e de acesso livre a cientistas, comunidades locais e decisores. A sua abordagem é interdisciplinar, combinando competências de investigadores em oceanografia física, climatologia, química ambiental, deteção remota, toxicologia ambiental, ecologia microbiana, ecologia bentónica e pelágica, ecologia de mamíferos marinhos e biodiversidade. Esta perspetiva holística permite uma visão abrangente de uma região marcada por processos complexos e em constante transformação.

O impacto esperado do programa traduz-se na melhoria da compreensão dos ambientes marinhos, no apoio a políticas públicas de conservação e gestão ambiental e na promoção da ciência aberta, assegurando que os dados recolhidos sejam disponibilizados de forma contínua e acessível à comunidade científica e à sociedade em geral.

TRÊS LIÇÕES APRENDIDAS

Valor da colaboração interdisciplinar

A experiência demonstrou que a integração de diferentes áreas científicas — incluindo biologia, química, oceanografia e monitorização de cetáceos — constitui um fator determinante para a robustez e abrangência dos resultados obtidos. A colaboração interdisciplinar permite que variáveis distintas sejam analisadas em conjunto, oferecendo uma visão holística dos ecossistemas e aumentando a capacidade de resposta a questões ambientais complexas. Ao reunir especialistas com formações diversas, promove-se não apenas a complementaridade de competências, mas também a criação de sinergias que potenciam a inovação científica e a produção de conhecimento mais sólido. Esta abordagem integrada contribui para que os resultados não se limitem a perspetivas isoladas, mas reflitam a complexidade real dos sistemas naturais, tornando-os mais relevantes para a comunidade científica, para os decisores políticos e para a sociedade em geral.

Importância da estandardização de protocolos

A harmonização metodológica foi reconhecida como uma componente essencial para assegurar a transparência e a credibilidade da investigação.

Este processo de estandardização, está a ser adaptado ao contexto do CIIMAR WATCH, garantindo que os dados recolhidos sejam comparáveis entre diferentes equipas e interoperáveis em cenários nacionais e internacionais.

Planeamento estratégico da gestão de dados desde o início

A definição de planos de gestão de dados estruturados desde a fase inicial dos projetos foi reconhecida a nível institucional como essencial para garantir a credibilidade científica e a sustentabilidade da informação a longo prazo, implicando a integração de uma pessoa dedicada a este processo. Um planeamento estratégico desde o início permite antecipar necessidades, identificar potenciais desafios e estabelecer mecanismos claros para a recolha, armazenamento, documentação, preservação e disponibilização dos dados.

TRÊS DESAFIOS FUTUROS

Garantia da qualidade e interoperabilidade de dados históricos

A integração de séries temporais anteriores constitui um dos maiores desafios na gestão de dados ambientais e científicos. A recolha de dados realizada em diferentes períodos, por distintos grupos de investigação e com metodologias diversas, exige um esforço significativo de harmonização. É necessário superar discrepâncias nos métodos de amostragem, nos instrumentos utilizados e nos formatos de registo, assegurando consistência e comparabilidade. A qualidade dos dados históricos deve ser cuidadosamente verificada, de modo a garantir que possam ser integrados em bases de dados atuais sem comprometer a fiabilidade das análises. A interoperabilidade, por sua vez, implica que estes dados sejam estruturados e documentados de forma a permitir a sua reutilização em contextos nacionais e internacionais, reforçando o valor científico das séries temporais e ampliando o seu impacto na investigação e na tomada de decisão.

Sustentabilidade a longo prazo

A continuidade e fiabilidade dos dados dependem da existência de recursos técnicos, humanos e financeiros estáveis. A sustentabilidade a longo prazo exige não apenas financiamento adequado, mas também a criação de estruturas organizacionais que assegurem a manutenção das plataformas de recolha, armazenamento e disponibilização de dados. A formação contínua de profissionais especializados, como data stewards e técnicos de monitorização, é igualmente essencial para garantir que as práticas de gestão de dados evoluam em consonância com os avanços tecnológicos e científicos. Além disso, a sustentabilidade implica a definição de estratégias institucionais que assegurem a preservação da informação ao longo do tempo, evitando perdas e assegurando que os dados permaneçam acessíveis e utilizáveis para futuras gerações de investigadores e decisores.

Implementação de sistemas avançados de disponibilização

O desenvolvimento de plataformas tecnológicas que permitam o acesso em tempo real a dados ambientais representa um desafio tanto tecnológico como organizacional. A criação de sistemas geográficos interativos, capazes de disponibilizar mapas, séries temporais e indicadores atualizados, exige investimentos em infraestrutura digital, interoperabilidade de sistemas e segurança da informação. Estes sistemas devem ser concebidos para servir múltiplos públicos: investigadores, decisores políticos, gestores ambientais e cidadãos interessados. A disponibilização avançada de dados não só aumenta a transparência e a credibilidade da investigação, como também promove a ciência aberta e o envolvimento da sociedade na conservação ambiental. Contudo, a implementação destes sistemas requer coordenação institucional, definição clara de responsabilidades e integração de diferentes competências técnicas, assegurando que a informação seja não apenas acessível, mas também compreensível e útil para os diversos utilizadores.

CINCO QUESTÕES SOBRE GDI

Como define, implementa e avalia as práticas de gestão de dados de investigação?

A implementação das práticas de gestão de dados assenta em várias dimensões complementares. Em primeiro lugar, destaca-se a designação de data stewards e coordenadores de qualidade por habitat, assegurando que cada área de monitorização dispõe de responsáveis dedicados à verificação e harmonização dos dados. Este modelo descentralizado permite maior proximidade às especificidades de cada ecossistema e garante consistência metodológica. Paralelamente, procede-se à criação de protocolos estandardizados e guias de boas práticas, que funcionam como referenciais comuns para todos os grupos de investigação envolvidos. Estes documentos são fundamentais para assegurar transparência, comparabilidade e interoperabilidade dos dados. A implementação inclui ainda a estruturação de planos de gestão de dados institucionais, concebidos como instrumentos estratégicos que orientam todo o ciclo de vida da informação científica. Finalmente, a formação e sensibilização de investigadores para ciência aberta constitui um eixo central, promovendo a adoção de práticas responsáveis e sustentáveis de gestão de dados e incentivando a partilha em conformidade com os princípios FAIR.

A avaliação destas práticas é realizada através de diferentes mecanismos. No âmbito do programa CIIMAR WATCH por exemplo, foram conduzidas entrevistas qualitativas a investigadores, que permitiram identificar lacunas, padrões e necessidades específicas na GDI de cada área científica. A produção de outputs académicos, como teses e relatórios, contribui para caracterizar de forma sistemática as práticas existentes e para documentar os desafios enfrentados. Ao longo deste processo, recorre-se ao benchmarking com programas europeus e internacionais de referência, assegurando o alinhamento das práticas locais com padrões globais e tirando partido da experiência acumulada em iniciativas semelhantes. 

Quais os principais benefícios dessas práticas?

A adoção de práticas estruturadas de gestão de dados científicos gera um conjunto de benefícios que se refletem em diferentes dimensões da investigação e da sociedade. Em primeiro lugar, promove transparência e credibilidade científica, assegurando que os processos de recolha, tratamento e disponibilização da informação são claros, verificáveis e replicáveis. Esta transparência reforça a confiança da comunidade académica e dos stakeholders externos, incluindo decisores políticos, financiadores e cidadãos, que passam a reconhecer o valor e a fiabilidade dos resultados produzidos.

Um segundo benefício prende-se com a interoperabilidade e reutilização dos dados em múltiplos contextos. Ao serem estruturados e documentados de acordo com normas e protocolos estandardizados, os dados tornam-se comparáveis entre diferentes projetos e instituições, aumentando significativamente o seu valor científico. Esta capacidade de reutilização potencia novas análises, reduz redundâncias e amplia o impacto da informação, permitindo que os mesmos dados sirvam de base a investigações diversas e complementares.

Estas práticas apoiam também de forma direta políticas públicas e iniciativas de conservação ambiental, fornecendo informação fiável e atualizada para a tomada de decisão. A disponibilização de dados robustos e acessíveis contribui para que gestores ambientais e decisores políticos possam fundamentar estratégias de conservação, mitigação de impactos e gestão sustentável dos recursos naturais.

Por fim, a adoção de práticas de gestão de dados promove uma maior sensibilização e envolvimento da comunidade científica e educativa, fomentando uma cultura de responsabilidade e partilha. Investigadores, estudantes e instituições passam a reconhecer que os dados não são apenas recursos individuais, mas património coletivo que deve ser preservado e disponibilizado em conformidade com os princípios da ciência aberta. Esta cultura fortalece a cooperação interdisciplinar, estimula a formação de novas gerações de cientistas conscientes da importância da gestão responsável da informação e contribui para aproximar a ciência da sociedade.

Em que medida a gestão de dados de investigação contribui para a otimização do processo de investigação?

A gestão estruturada de dados exerce um impacto direto e significativo na otimização dos processos de investigação científica. Em primeiro lugar, permite a redução de redundâncias e inconsistências, assegurando maior eficiência na utilização da informação. Quando os dados são recolhidos, armazenados e documentados de forma sistemática, evita-se a duplicação de esforços e minimizam-se erros que poderiam comprometer a qualidade das análises. Esta racionalização traduz-se em ganhos de tempo e recursos, aumentando a produtividade das equipas de investigação.

Outro contributo relevante é a aceleração da produção científica e de relatórios ambientais. A organização e acessibilidade dos dados facilitam a elaboração de artigos, relatórios técnicos e documentos de apoio à gestão ambiental, permitindo que os investigadores respondam de forma mais célere às exigências da comunidade científica e dos decisores políticos. A disponibilidade imediata da informação torna os processos de análise mais ágeis e reduz os obstáculos associados à recolha dispersa ou desorganizada de dados.

A gestão estruturada de dados potencia também a integração de variáveis multidisciplinares, tornando mais simples a realização de análises abrangentes e inovadoras. A combinação de dados provenientes de diferentes áreas científicas — como biologia, química, oceanografia ou climatologia — permite construir modelos mais completos e responder a questões complexas com maior rigor. Esta integração interdisciplinar fortalece a capacidade de gerar conhecimento novo e relevante, ampliando o alcance e a aplicabilidade dos resultados.

Finalmente, estas práticas promovem a melhoria da fiabilidade e comparabilidade dos resultados, aumentando a robustez das conclusões científicas e a sua relevância internacional. Dados bem estruturados e documentados podem ser comparados com séries temporais de outros programas ou instituições, permitindo validar hipóteses e reforçar a credibilidade das investigações. A comparabilidade assegura que os resultados obtidos localmente possam ser integrados em redes internacionais de monitorização, ampliando o impacto da investigação e consolidando o papel das instituições envolvidas no panorama científico global.

Que vantagens e condicionantes aponta na partilha de dados de investigação?

Entre as principais vantagens da adoção de práticas estruturadas de gestão de dados, destaca-se a robustez científica que resulta da integração de diferentes áreas de conhecimento. A interdisciplinaridade, ao reunir contributos de domínios como biologia, química, oceanografia e ciências ambientais, permite análises mais completas e rigorosas, capazes de responder a questões complexas com maior profundidade. Esta diversidade metodológica e conceptual fortalece a qualidade dos resultados e amplia a sua relevância para a comunidade científica e para a sociedade.

A gestão estruturada de dados confere também credibilidade junto de decisores políticos e financiadores, demonstrando que os projetos seguem práticas rigorosas, transparentes e alinhadas com padrões internacionais. Essa credibilidade reforça o impacto institucional e aumenta a capacidade de atrair recursos, sejam eles financeiros, técnicos ou humanos. Acresce ainda a maior visibilidade e impacto institucional, posicionando a organização como referência na área da ciência aberta e da monitorização ambiental. A disponibilização de dados de forma transparente e reutilizável contribui para consolidar a reputação da instituição e para fortalecer a sua integração em redes científicas nacionais e internacionais.

Contudo, existem condicionantes que não podem ser ignoradas. A implementação destas práticas requer recursos humanos especializados, cuja formação contínua e retenção constituem desafios permanentes. A complexidade logística e tecnológica associada à recolha, armazenamento e disponibilização de dados exige investimentos constantes em infraestrutura digital, equipamentos e sistemas de suporte, garantindo que a informação seja preservada e acessível a longo prazo. Por fim, a eficácia do sistema depende da adesão voluntária e colaborativa dos grupos de investigação, o que implica um esforço contínuo de sensibilização, coordenação e alinhamento de práticas. Sem este compromisso coletivo, torna-se difícil assegurar a consistência e a interoperabilidade dos dados, limitando o potencial da gestão estruturada.

De que forma os diferentes atores envolvidos no processo de investigação estão comprometidos com a gestão de dados de investigação?

O sucesso das práticas de gestão de dados científicos depende de uma atuação articulada e complementar entre diferentes atores institucionais e sociais. Cada grupo desempenha funções específicas que, em conjunto, asseguram a qualidade, a sustentabilidade e o impacto da informação produzida.

Os investigadores constituem a base do processo, sendo responsáveis pela recolha e disponibilização dos dados. A sua participação ativa nos protocolos definidos e nas ações de formação é essencial para garantir que a informação gerada cumpre padrões de qualidade e se encontra devidamente documentada. Ao adotar práticas harmonizadas, os investigadores contribuem para que os dados sejam comparáveis e reutilizáveis, reforçando a credibilidade da investigação.

Os data stewards desempenham um papel central na coordenação da gestão de dados. Cabe-lhes verificar a qualidade da informação, assegurar a conformidade com protocolos estandardizados e promover a harmonização metodológica entre diferentes grupos de investigação. A sua função garante que os dados não apenas são recolhidos, mas também estruturados e preservados de forma adequada, permitindo a sua utilização a longo prazo.

A coordenação científica assume a responsabilidade de definir prioridades estratégicas e supervisionar a integração interdisciplinar. Este nível de coordenação assegura que os objetivos do programa são claros e que os diferentes contributos científicos convergem para resultados robustos e relevantes. A supervisão interdisciplinar é particularmente importante em programas que envolvem múltiplas áreas de conhecimento, garantindo coerência e consistência na produção científica.

A instituição desempenha um papel de suporte fundamental, fornecendo recursos logísticos, financeiros e organizacionais. É a instituição que cria as condições para a sustentabilidade das práticas de gestão de dados, assegurando que existem meios técnicos e humanos adequados para manter a continuidade do programa. O seu compromisso institucional é determinante para que a gestão de dados seja reconhecida como um eixo estratégico e não apenas como uma atividade acessória.

Os estudantes e a comunidade científica participam em projetos de formação e sensibilização, contribuindo para a disseminação de boas práticas. A sua integração nos processos de gestão de dados promove a renovação de competências e garante que novas gerações de investigadores estão preparadas para lidar com os desafios da ciência aberta e da gestão responsável da informação.

Finalmente, os stakeholders externos, incluindo decisores políticos e sociedade civil, desempenham um papel crucial na valorização e aplicação dos dados. Ao utilizarem a informação científica para fundamentar decisões e promover a conservação ambiental, reforçam o impacto social da investigação. A ligação entre ciência e sociedade é fortalecida quando os dados são disponibilizados de forma transparente e acessível, permitindo que sejam utilizados para enfrentar desafios ambientais e apoiar políticas públicas.